Adriane Lopes, Beto Figueiró, Beto Pereira, Camila Jara, Luso Queiroz e Rose Modesto participaram do primeiro debate entre os pré-candidatos de Campo Grande nas eleições deste ano, que já apresentou algumas marcas: a organização que pecou nos recursos, com áudio falhando e um pouco de despreparo do apresentador, o colega Marcos Anello.
É necessário, antes de tudo, lembrar que os debates com profissionais de Educação fazem parte do calendário eleitoral em todas as eleições. Quando são estaduais, a Fetems comanda, e quando são municipais, fica sempre a cargo da ACP. Ou seja, quem é candidato já deveria saber disso. Mas parece que não foi isso que aconteceu.
Debates políticos devem ser analisados sem paixões, já que a própria torcida dos candidatos acabou atrapalhando toda a dinâmica no local. E assim se pretende fazer para que não haja rusgas.
Comentando política e com a experiência de quem já trabalha há algum tempo com campanhas eleitorais, o olhar é atento, desde as roupas até os gestos e comportamentos dos assessores ao redor.
O tema educação é espinhoso por si só, e lidar com a categoria não é nada fácil. Nesse quesito, Adriane Lopes já conseguiu um grande progresso em sua performance. Em se tratando de reeleição e sempre se apresentando como candidata da direita, Adriane não foi hostilizada em um ambiente de esquerda. Isso é raro. Adriane estava firme nas respostas, escolheu uma roupa sóbria e confortável.
Apesar de ter sido atacada, não elevou o tom e mostrou as realizações que fez na cidade durante seu curto período de mandato, defendeu sua gestão e teve um posicionamento firme. Poderia ter usado expressões mais variadas do que “avançamos muito”.
No mais, como gostamos de ver o circo pegar fogo, bem que poderia ter dado algumas alfinetadas quando provocada. É preciso ressaltar que este foi o primeiro debate de Adriane Lopes, e, apesar de ter experiência de púlpito, não havia enfrentado esse “ringue”, que por vezes conta com alguns malucos.
E por falar em malucos, minha gente, o que foi o Beto Figueiró? Figueiró é um desses ricos de famílias tradicionais de Campo Grande que, em tese, poderia ser mais inteligente e menos prolixo ao se expressar. Usando palavras difíceis, parecia que ia bem, até que começou a descambar para uma persona que não cabe em um debate. Chamou a merenda das crianças de “lavagem” – ou seja, referindo-se a elas como “porquinhas”, fez cosplay de nutricionista e ainda lançou uma mentira enorme: “Eu quero matricular minha filha na rede pública”. Não, amigão, isso não cola. Desfez-se das merendeiras, brigou com o apresentador e “viajou na maionese”.
“Estou sendo atrapalhado por essa esquerda maldita”. Beto Figueiró, a gente esperava mais de você, né, amigão?
Beto Pereira, estivesse de camisa polo ou de time, poderia facilmente fazer cosplay de Marquinhos Trad. A fala pausada, como se buscasse o pensamento, chega a dar nervoso. E quando fala, a dicção perfeita até impressiona, mas num segundo momento acaba caindo para o pedante, e isso pode atrapalhá-lo. Apesar de saber que ele tem marqueteiros caros, uma dica é: mais humildade e noção de tamanho. Terenos é pequena, Campo Grande é grande. Tão grande que o clichê virou música. Mas é Campo Grande e não Estado. E ele não é Eduardo Riedel, ou seja, precisa falar com base em si mesmo, não no governo. Tanto que foi chamado à atenção mais de uma vez pelo apresentador.
Ah, sorte do Beto que o coroa maluquinho Beto Figueiró não aproveitou que ele estava de camisa verde e o chamou de “melancia”. Porque o candidato do NOVO vê comunismo em tudo, né, gente?
Camila Jara. Gente, essa menina consegue ser incrível, né? Apesar de, por vezes, parecer que ela estava tabelando com o Beto tucano, Camila surpreendeu positivamente – também é seu primeiro debate. Petista assumidíssima e uma das lideranças jovens em maior ascensão na esquerda, Camila, como era de se esperar, vestiu vermelho e sua juventude lhe permite ser leve, mas ao mesmo tempo conseguiu passar a segurança necessária para uma estreante.
Camila poderia ter sido mais incisiva nos posicionamentos de suas propostas, mas focou em atacar Adriane, fazendo mais uma vez tabela com o tucano, mesmo que não tenha sido intencional. A impressão foi essa. Ela precisa de melhor preparo para não estourar tanto o tempo e conseguir terminar o raciocínio.
Luso Queiroz começou o debate “viajando na maionese” – no pantanal, na verdade – mas depois se equilibraram e acabou desequilibrando Beto Figueiró, que foi para cima dele quando Luso resolveu, de forma brilhante, defender as merendeiras que foram atacadas na fala do candidato do NOVO. Para quem esperava menos do Luso, ele entregou muito. E vamos combinar que, depois de termos o Magno nos debates, a grande surpresa foi ele não ser feito de bobo ali.
Professora e experiente tanto em educação quanto em debates, Rose Modesto não entregou tudo o que poderia. Sim, Rose é boa de debates, conhece os temas de forma tranquila e tem experiência nos embates. Sua participação foi pro forma, por vezes insegura, e certamente ela estará mais preparada para o próximo. Mas, no geral, entregou uma participação mais morna e que subiu o tom poucas vezes.
Como sempre, tem que ter um muro pichado de “quem venceu o debate”. Dessa vez, as mulheres se destacaram. Nas redes sociais, Adriane Lopes, Camila Jara e Rose Modesto mandaram bem com cortes bons de suas participações, bem explorados.
Os Betos teremos que esperar que melhorem bastante. O Pereira deve falar de forma mais popular, e o Figueiró precisa tomar um Rivotril antes do próximo embate. Já o Luso, ele pode continuar sendo o Luso. E está tudo bem.
Se precisar de mais alguma coisa, é só avisar!






