1 de agosto de 2024. Início do mês, chamado de “Agosto Lilás”. Foi também em um mês de agosto, que Pamela m*rreu. Após agonizar por mais de um mês no leito de um hospital após ter 90% do corpo queimado.
E em uma data tão “simbólica”, Damião Souza Rocha, foi condenado a 30 anos de prisão, por matar a mulher Pamela de Oliveira Silva, em 2022, após atear fogo na vítima no dia 21 de julho, na casa onde eles moravam com os dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino, em Rochedo (MS).
Solto, por determinação judicial, ele chegou ao fórum com a nova companheira e acompanhada do pai. O pai e familiares de Pamela também participaram do julgamento, com camisetas em homenagem a vítima.
Pamela morreu no dia 22 de agosto de 2022. Mas antes, conseguiu falar o que realmente tinha acontecido, apesar de Damião insistir que a esposa tinha ateado fogo em si mesma depois de uma discussão e por ele ter insistindo em se separar.
No julgamento conduzido pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, foram ouvidas testemunhas de acusação e de defesa em um julgamento de quase 12 horas, onde os sete jurados, quatro mulheres e três homens, decidiram pela condenação de Damião.
Uma das testemunhas, uma psicóloga que prestou
atendimento psicológico as crianças, afirmou que tanto a menina quanto o menino contaram toda a cena desde a briga até o momento em que Damião ateou fogo no corpo de Pamela.
Inclusive que, com um galão de combustível nas mãos e fez apenas uma pergunta: “aqui ou no quarto?”
Foi quando Pamela foi para o quarto da casa e lá, foi coberta de gasolina e incendiada.
Emocionado, o pai da vítima, Roberto, relatou aos jurados a dor de “se sentir um nada. Me senti impotente, porque eu não consegui salvar minha filha. Dói demais”.
Irmã da vítima, Cynthia Silva mal conseguia falar durante seu testemunho. Ela precisou ser amparada e chorou diversas vezes.
Aos jurados, Damião, que começou a namorar com Pamela quando ela tinha 16 anos, afirmou que eles só tiveram essa única briga mais “grave”, pois o casamento foi se desgastando devido ao fato da mulher precisar de medicamentos e isso trazer gastos.
Segundo ele, todas as outras brigas eram só “conversas calmas”. Um fenômeno entre casais que convivem há tanto tempo. Além disso, ele tinha decidido separar-se na manhã do dia do crime, após segundo suas palavras “me acertar com a M”, a filha de apenas dez anos que estava com ele no trabalho.
Para os jurados, tentou chorar. Caiu em contradição ao dizer que Pamela pegou fósforos que estavam pela casa. Apesar de, no local, a família fazer uso do isqueiro. Já que Damião fumava.
A defesa do réu sustentou a tese de suicido e que o cliente era inocente. Também atacou o fato de tanto a assistência de acusação representada pela advogada Janice Andrade quanto a psicóloga que atendeu as crianças, terem trabalhado pro bono. Ou seja, sem cobrar.
“Quem nesse mundo trabalha de graça?”, questionou o advogado de defesa.
Aos jurados é ao público presente, a assistente de acusação respondeu. “No mês que temos o ‘Agosto Lilás’, eu não trabalho de graça. Porque eu trabalho pro bono por um mundo melhor pela minha filha”.