“Bate na cara, espanca até matar”. É assim que começa o grito de guerra dos novos soldados da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, formados nesta quarta-feira (31), em Campo Grande. O vídeo com os versos circula nas redes sociais e provocou forte reação de advogados, ativistas de direitos humanos e usuários indignados com o conteúdo violento. E claro, há quem apoie.
A continuação do canto é ainda mais agressiva: “Arranca a cabeça e joga ela pra cá. O interrogatório é muito fácil de fazer, eu pego o vagabundo e bato nele até morrer. Essa daqui poucos conhecem, é faca da PM que cancela CPF”.
Para a advogada Giselle Marques, ex-presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, o que está sendo ensinado aos soldados é um grave desrespeito à Constituição.
“Não podemos permitir que a PM continue a naturalizar o espancamento. Usar a tortura em interrogatório é algo que repugna nossa condição de pessoa civilizada! Viola o princípio constitucional da dignidade humana. Ensinar isso aos nossos jovens é apologia ao crime. O incentivo à violência física e ao assassinato não tem amparo em nenhum texto legal”, afirmou.
A formação dos novos soldados teve carga de 1.554 horas de aulas teóricas e práticas, incluindo a chamada “semana zero”, conhecida por ser extremamente rigorosa e motivo de evasão de muitos alunos. No total, 427 formandos participaram da cerimônia de formatura.
A reportagem aguarda posicionamento oficial do Governo do Estado e da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.