Nesta quarta-feira, 30 de agosto, o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados traz à tona uma grave violação dos direitos humanos que afeta diversas regiões do mundo, incluindo Mato Grosso do Sul. Esse crime, que envolve a privação da liberdade por agentes do Estado ou grupos agindo com sua anuência, e a subsequente negação de informações sobre o paradeiro da pessoa desaparecida, é uma realidade alarmante no estado, marcada por conflitos agrários e questões fundiárias.
Desaparecimentos em Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul é uma das regiões onde os desaparecimentos forçados têm uma forte ligação com conflitos territoriais, especialmente envolvendo povos indígenas e comunidades tradicionais. Além disso, a proximidade com as fronteiras do Paraguai e da Bolívia agrava a situação, trazendo desafios adicionais como o tráfico de drogas e contrabando.
Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (SEJUSP-MS) revelam que, nos últimos cinco anos, foram registrados 270 casos de desaparecimentos no estado. Embora nem todos sejam classificados como desaparecimentos forçados, a falta de esclarecimento em muitos desses casos levanta sérias preocupações sobre a possível conivência de autoridades locais e a atuação de grupos criminosos.
Mobilização Nacional para Identificação de Desaparecidos
Em resposta a essa realidade, a Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas foi lançada em Mato Grosso do Sul na terça-feira, 27 de agosto, na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Campo Grande. A iniciativa, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com o Governo do Estado, visa coletar material genético e impressões digitais de familiares de desaparecidos, contribuindo para a identificação e o confronto de dados em âmbito nacional.
A campanha, coordenada pela Polícia Civil e pela Polícia Científica através do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (IALF), está estruturada em três fases. A primeira, que se estende até 30 de agosto, foca na coleta de amostras de DNA de familiares. Em Mato Grosso do Sul, foram estabelecidos 15 pontos de coleta, integrados a mais de 300 espalhados por todo o Brasil.
Na segunda fase, será realizada a coleta de impressões digitais e material genético de pessoas vivas cuja identidade é desconhecida, com os dados sendo armazenados nos Bancos Estadual e Nacional de Perfis Genéticos. A terceira fase envolve a análise de impressões digitais de corpos não identificados, comparando-as com os registros existentes nos bancos de biometrias.
A Esperança de Reencontro
Em 2023, Mato Grosso do Sul registrou 1.468 ocorrências de desaparecimento, com a maioria dos casos envolvendo homens adultos. No entanto, para muitos familiares, a esperança de reencontrar seus entes queridos ainda persiste. Nildo de Lisboa Duarte, por exemplo, foi o primeiro a realizar a coleta de DNA na campanha estadual, na busca por seu irmão Edmilson, desaparecido há dois anos no bairro Tijuca.
A Luta por Justiça e Memória
Neste Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, é fundamental lembrar que por trás dos números existem vidas e famílias que ainda buscam respostas. A data serve como um apelo à necessidade de fortalecer as instituições de justiça, garantir a proteção dos direitos humanos e assegurar que os responsáveis por esses crimes sejam levados à justiça.
Com a implementação da Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas, Mato Grosso do Sul dá um passo importante na luta contra esse tipo de violência, oferecendo esperança às famílias e trabalhando para que os desaparecidos sejam finalmente encontrados e suas histórias não sejam esquecidas.