Prefeita falou de obras em andamento, barreiras enfrentadas e projeto ‘gabinete itinerante’
Adriane Lopes literalmente tem um milhão de motivos para se preocupar. Prefeita de Campo Grande há 100 dias, ela hoje (12) encarou uma turma de jornalistas – de focas a tarimbados, levando-os de carona pela Capital. Visitou obras no Centro e na antiga rodoviária, que são os pontos mais “visados” pela população, e foi até os bairros. “Até para mostrar que não é só no Centro que tem obra”, diz sorrindo e listando as ações.
No busão, ao lado de Adriane, a conversa é franca. “Eu tentei fazer de uma forma leve e sempre ouvindo o colegiado, nossa equipe. Pontualmente, viemos evoluindo. O nosso maior desafio foram as obras, nós conseguimos ‘startar’ 27 novas licitações com investimento médio de quase R$ 150 milhões para cidade. Por exemplo, uma das obras que estavam paradas é a do Nova Lima. Você começa a ver as coisas acontecendo e as pessoas felizes com pedidos antigos, a pavimentação do Nova Lima, mais de 30 anos esperando”.
Pressionada pela proximidade das eleições e também por ser uma das poucas mulheres na política de Mato Grosso do Sul – Campo Grande conta com apenas uma vereadora entre 29 parlamentares, Adriane se orgulha de poder dialogar com a população através do gabinete itinerante, sem esquecer das barreiras impostas pelo machismo.
“Algo inédito chamou a atenção, quando eu iniciei o ‘Todos em Ação’, comecei pela região do Bandeira e lá no Jardim Itamaracá. Dentro desse programa, ministramos cursos de capacitação e, um dia à noite, eu fui em um desses cursos e a sala estava lotada. Tinha mais de 60 mulheres lá, assisti a aula e começaram a surgir algumas demandas. Pelo menos umas seis mulheres queriam uma agenda comigo, mas eu não conseguia despachar ali, quando tive a ideia do gabinete itinerante”, relata.
O projeto começou logo no dia seguinte, pela manhã. A prefeita atendeu uma média de 25 pessoas, entre moradores da região e pessoas de outros bairros que foram ao local conferir se seriam recebidos mesmo pela autoridade. Adriane confessou que teve que lidar com a resistência da própria equipe e líderes de oposição em romaria, mas ficou satisfeita com o resultado do trabalho.
“Vi que era necessidade das pessoas de serem ouvidas no fim da pandemia, elas estavam ansiosas por esse contato. É tanto problema e o anseio para que alguém se coloque à disposição, sem restrições. Você de perto está despida de qualquer proteção e enfrentando a realidade. Achei isso muito positivo e daí veio surgindo novas ideias. As pessoas se surpreendem quando chegam no lugar e me veem no gabinete itinerante”, conta.
Em resposta, a prefeitura foi atuando com medidas emergenciais, conforme as solicitações chegaram ao gabinete. Adriane pretende que essa seja uma das marcas da gestão, estar perto da população e sempre ouvir, inclusive as críticas, que são naturais na política. Já sobre a questão de gênero, a prefeita destaca que evita o antagonismo.
“Nós estamos trazendo essa novidade e tentando ser leve nesse termo, eu nunca vim para disputar com os homens. […] eu tenho dito aos homens, tanto aos legisladores quanto em qualquer segmento, que nós temos a oportunidade de estar, que nós não viemos para essa disputa de gênero e sim numa composição de mostrar que, como mulher, nós podemos dar nossa contribuição. Estou sendo bem aceita, mas ainda existe lugares que tem mais restrição, porém acredito que seja uma questão de tempo e, conforme vamos apresentando aquilo que sabemos fazer, as pessoas começam a ver que é possível uma mulher fazer”.
A prefeita enfatiza que a Capital é conservadora, mas também anseia por novidades, por projetos que possam superar os inúmeros desafios pré e pós-pandemia da covid-19. O objetivo é não deixar nada parado e conquistar muitas outras obras. E, segundo ela, as eleições não vão atrapalhar a concentração no trabalho da prefeitura.
“Estamos apresentando propostas novas, querendo preparar Campo Grande para desafios futuros e as pessoas começam a entender que é possível. Todos os dias, recebo uma ligação, um café, uma reunião, nisso vem uma reivindicação dos bairros, mas nós estamos caminhando com leveza também nesse ano eleitoral e focando mais em Campo Grande. Então, assim, claro que nesse período de pré-campanha, daqui pra frente, as coisas ganham outra intensidade, mas agora o nosso foco é a gestão”, finaliza.
