Após três dias de buscas, a onça-pintada responsável pelo ataque fatal ao caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi finalmente capturada por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) com apoio de pesquisadores. O animal foi localizado nas proximidades do pesqueiro Touro Morto, às margens do Rio Aquidauana, onde o ataque ocorreu.
A captura mobilizou uma força-tarefa envolvendo biólogos, veterinários e militares especializados em fauna silvestre. Utilizando armadilhas com laços e câmeras de monitoramento, a equipe conseguiu localizar e imobilizar o felino, um macho adulto com cerca de 94 quilos, que estava circulando próximo à área do ataque desde o ocorrido.
Jorge, conhecido como “Jorginho”, morava e trabalhava no local há mais de 10 anos. Ele desapareceu na manhã de segunda-feira (21), após sair para coletar mel em uma área de mata próxima à sede do pesqueiro. Seu corpo foi encontrado na manhã seguinte, parcialmente devorado, a cerca de 300 metros da casa onde morava.
Segundo relatos de moradores e pescadores, a onça já havia sido vista diversas vezes na região, inclusive frequentando áreas próximas às instalações humanas. “O animal estava cada vez mais ousado. Chegava perto até dos tanques de limpeza de peixe”, contou um morador que pediu anonimato.
Após a sedação, a onça foi levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, onde passará por exames clínicos e avaliação comportamental. A condição física do animal chamou atenção dos especialistas: ele estava magro e debilitado, o que pode ter contribuído para o comportamento agressivo.
Autoridades ambientais agora investigam se a onça estava sendo alimentada por humanos, prática conhecida como ceva, que pode alterar o comportamento natural dos felinos e aumentar os riscos de ataques.
O destino do animal ainda será decidido. A possibilidade de reintrodução na natureza será considerada, mas também existe a chance de que ele seja transferido para um centro de conservação, caso seja considerado perigoso para convívio em áreas de mata próxima a comunidades humanas.
O caso acendeu o alerta sobre a convivência entre humanos e animais silvestres em áreas de preservação e reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes para proteção tanto das pessoas quanto da fauna do Pantanal.