Investigação apura vazamento de informações sigilosas que teriam beneficiado o Comando Vermelho
A Polícia Federal realizou, nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, a segunda fase da Operação Unha e Carne e prendeu o desembargador Macário Judice Neto. Ele é investigado por supostamente repassar informações sigilosas a integrantes do Comando Vermelho, o que teria comprometido ações policiais em andamento. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
Além da prisão, os agentes federais cumpriram dez mandados de busca e apreensão, todos autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As apurações indicam que o magistrado teria vazado dados protegidos por sigilo judicial, interferindo diretamente em diligências da Operação Zargun, deflagrada em setembro de 2025. A ação mirava o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, apontado nas investigações como próximo à facção criminosa.
O caso já havia gerado repercussão na primeira fase da operação, quando o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso. Nesta nova etapa, os investigadores concentraram esforços em Macário Judice Neto, que atuava como relator do processo envolvendo TH Joias no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Histórico no Judiciário
Macário Judice Neto já havia sido afastado do cargo anteriormente. Em 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reconheceu a prescrição em um processo administrativo disciplinar que tramitava contra ele, relacionado a fatos ocorridos quando atuava como juiz federal em Vitória (ES).
Na época, o magistrado foi acusado de envolvimento em um esquema de venda de sentenças e de conceder decisões judiciais que permitiriam a importação de máquinas caça-níqueis. No âmbito criminal, acabou absolvido das acusações. Já na esfera administrativa, chegou a ser punido com aposentadoria compulsória em 2015, decisão que foi posteriormente anulada pelo CNJ por irregularidades no julgamento.
A Polícia Federal segue com as investigações para apurar a extensão do suposto vazamento e possíveis outros envolvidos no esquema.






