Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, o ex‑ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente‑coronel Mauro Cid, confirmou ter recebido mensagens do tenente Aparecido Andrade Portela — militar da reserva e suplente da senadora Tereza Cristina (PP‑MS) — nas quais Portela questionava se o “churrasco” seria levado adiante, em código que se referia à tentativa de golpe para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse a presidência .
O termo “churrasco” figurava como sinônimo para um plano golpista, e “carne” fazia alusão aos recursos financeiros repassados por apoiadores, sobretudo ligados ao agronegócio. Portela teria afirmado que “o pessoal que contribuiu com a carne estava cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco” .
Cid afirmou que Portela era “um militar muito simples, subordinado diretamente ao ex‑presidente Bolsonaro”. Ao citar o suplente de senadores ele trocou o nome do estado, dizendo que Portela teria sido subordinado a Bolsonaro quando serviram o exército “em Mato Grosso”. Os dois foram companheira de caserna em Nioaque.
Militar da reserva do Exército, é primeiro suplente da senadora Tereza Cristina (MS). Filiado ao PL, sempre teve acesso privilegiado a Bolsonaro — suas entradas no Palácio da Alvorada chegam a 13 em dezembro de 2022.
A Polícia Federal o indiciou por crimes como associação criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O contexto do depoimento
O depoimento de Mauro Cid foi parte da Operação Tempus Veritatis, que apura a articulação militar e civil para impedir a posse de Lula.
Em delação premiada homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, Cid confirmou que o agronegócio financiava acampamentos e exigia ação rápida — o “churrasco” — e que Portela pressionava por “ponto de honra” na consumação do plano.
Além do suplente da senadora, outros militares foram indiciados ou ouvidos, ligados à organização de um plano integrado de ruptura institucional.