Juvenal Alves Corrêa, 31 anos, foi preso após fazer uma ultrapassagem proibida em faixa contínua em uma rodovia em Naviraí. A infração em si não foi o motivo, e sim o fato dele ser foragido após quebrar a tornozeleira e tentar fugir para a Argentina.
O eletricista é um dos condenados pelos atos golpistas. Ele foi uma das mais de mil pessoas presas nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Porém, ganhou liberdade condicional enquanto respondia ao processo, usando tornozeleira eletrônica.
Morador de Várzea Grande (MT), ele foi preso em Naviraí a mais de 1.000 quilômetros de sua casa. Juvenal deveria usar tornozeleira eletrônica.
Naviraí fica perto da fronteira com o Paraguai, mas o eletricista tentava chegar à Argentina, segundo informado à PRF pela mãe dele. O país recebeu vários militantes bolsonaristas condenados e em fuga.
O eletricista já passou por audiência de custódia. Ele seguia preso na Penitenciária de Naviraí.
De acordo com as informações o juiz auxiliar do gabinete do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Rafael Henrique Tamai, informou à defesa de Corrêa que os advogados devem pedir a transferência do réu para o seu estado.
A advogada do eletricista disse que ele segue em uma penitenciária próxima a Naviraí. Tanieli Telles afirmou que vai pedir sua transferência para Cuiabá, que fica a 10 km de Várzea Grande.
Ministro havia mandado prender réu
Em fevereiro deste ano, ele foi condenado pelo plenário do STF a 16 anos de prisão. Os crimes são cinco: golpe de Estado, abolição violenta do Estado, dano qualificado, dano em patrimônio tombado e associação criminosa armada. Em 26 de abril, um primeiro recurso dele foi rejeitado, em decisão publicada em 7 de maio.
Um dia depois, em 8 de maio, Moraes, relator da ação penal no STF, ordenou que Corrêa fosse preso. A decisão estava em sigilo. No mandado de prisão, o ministro alegou “fundado receio de fuga do réu, como vem ocorrendo reiteradamente em situações análogas nas condenações referentes ao dia 8/1/2023”.
Ultrapassagem denunciou condenado
Corrêa quebrou sua tornozeleira eletrônica na terça-feira (21). “A tornozeleira estava danificada e havia ficado em sua residência, no estado do Mato Grosso”, informou a juíza Edna Ederli, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, responsável por fiscalizar o cumprimento das penas. Telles disse ao UOL que a tornozeleira, na verdade, se quebrou há cerca de duas semanas, por causa de um acidente.
Sem tornozeleira funcionando, o eletricista pegou um carro com a mãe e se dirigiu à Argentina. Para chegar a Buenos Aires, seria necessário viajar aproximadamente 2.700 quilômetros.
Na quarta-feira (22), ele tentou uma ultrapassagem em local proibido na rodovia BR-163. Já tinha rodado cerca de 1.000 quilômetros.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) percebeu a manobra e abordou o veículo.
“Os policiais rodoviários federais realizavam ronda na BR-163, quando se depararam com um veículo realizando ultrapassagem em faixa contínua e decidiram abordá-lo”, informou a corporação.
“O condutor informou que possuía pendências com a Justiça e que estaria envolvido nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A passageira, por sua vez, afirmou que eles estavam em fuga para a Argentina, tendo em vista possível condenação definitiva do filho.”
O policiais verificaram que existia um mandado de prisão em aberto contra Corrêa. O eletricista foi preso e levado à delegacia da Polícia Federal de Naviraí. Às 17h de ontem, acompanhado de advogada, ele passou por audiência de custódia com o STF por videoconferência.
Corrêa fez exame de corpo de delito e foi encaminhado à Penitenciária de Naviraí. De lá, seguiu para outro presídio na região, disse sua advogada.