ATENÇÃO: a reportagem a seguir contém narrativas de grande violência contra crianças e pode causar gatilhos emocionais a alguns públicos.
Rotina de espancamentos, ameaças e castigos. O relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) após análise dos dados de mensagens trocadas entre Sthepanie de Jesus e Christian Campoçano traz a dor e o sofrimento imposto a menina Sophia Ocampo, morta em janeiro deste ano pela genitora e o padrasto.
O documento foi produzido após solicitação judicial para perícia no aparelho, foi anexado ao processo, que não está em sigilo de justiça, na noite de ontem (31). Além de cintadas, chineladas, porradas e beliscões, tanto Sophia quanto o filho de Christian eram submetidos a ameaças constantes. Em uma delas, o padrasto manda que Sthepanie ameace ‘quebrar o pescoço dela”.
Entre as mensagens, que foram recuperadas a partir de 17 de janeiro deste ano, pois Christian estaria sem aplicativo de mensagens, ele conta para a mulher sobre os castigos que impunha para as crianças durante o tempo que ela estava fora. Em determinada situação, Christian dá risada após dar uma surra de cinto nas crianças.
Atenção, o conteúdo abaixo contém narrativa de violência contra criança:

Em outros momentos, já nas mensagens do telefone da genitora, ela que tinha por dever legal proteger a filha, incentiva o companheiro a espancar a menina. Outro alvo da fúria de Christian é o filho, de apenas 5 anos. Em algumas mensagens, o agressor chega a verbalizar que iria “matar” o menino. E conta para a mulher que espancou o menino com murros e golpes nas solas dos pés. “Espancado foi pouco, eu acabei de arrebentar ele, foi só murro só”, diz Christian “triunfante”.

Em uma das mensagens, o casal chega a dizer que de tanto apanhar a menina está “criando resistência”. E Sthepanhie confessa a Christian que é melhor ele bater nas crianças porque ele tem mais força, quando ele diz que ela precisa “bater mais forte” porque “tem muita dó”. Em outra ocasião, irritada com criança, Stephanie afirma que iria tacar Sophia na parede e é orientada pelo marido a ameaçar a criança e sufocá-la no colchão.

Nem mesmo a bebê do casal teria escapado das agressões. E as agressões acontecem em várias datas, que são colocadas no relatório do Gaeco e mostram que os réus agiam com extrema agressividade, chegando inclusive ameaçar de quebrar o pescoço da menina Sophia, o que de fato aconteceu em janeiro de 2023, quando ela já foi levada morta para a UPA do Coronel Antonino em Campo Grande e os dois foram presos em flagrante.
Além das marcas de espancamento que levaram a menina a morte por trauma raquimedular, Sophia também tinha sinais de violência sexual. Christian e Stephanie estão presos aguardando julgamento. O pai da menina Jean Ocampo e o pai afetivo Igor de Andrade, lutam por justiça. Eles são assistidos pelos assistentes de acusação Josemar Fogassa e Janice Andrade. A expectativa é que os acusados sejam levados a júri popular ainda no primeiro semestre do ano que vem.







