Em ano eleitoral o que mais temos são adesivos de “amigos do Fulano”, promessas infindáveis e claro, muitas críticas à política atual.
Em Campo Grande (MS) um pastor foi além. Ele gravou um vídeo num cemitério para dizer que daqui a dez anos as “velhas raposas” estarão ali para acertar as contas. Apesar do tom usado, ele nega ser uma ‘profecia’.
O pré candidato disse que se baseou em uma parábola bíblica onde um servo enganava o senhor e foi chamado a prestar contas, falando de riquezas injustas, que são as da terra, que são injustas pelas corrupções do homem.
“A mesma nota que você compra leite pode ser usado para comprar entorpecente. Me dirigi ao meu público. Para falar que nós acreditamos num acerto de contas pela justiça da terra e divina. Uma reflexão para o meu público. Fiz ao lado de um pastor. Fomos ao cemitério porque é um lugar de reflexão, que um dia você vai estar ali. A intenção não foi ofender e sim uma reflexão de uma passagem bíblica”, disse ele reforçando que a ideia de gravar no cemitério foi dele mesmo, que afirma ser admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não ser bolsonarista.
Batendo papo com um interlocutor, sentado em um dos bancos do cemitério, o pastor, que se diz da direita conservadora, contemporiza e baixa o to dizendo “que as pessoas podem escapar de qualquer coisa, mas da morte não escapam”.
Então mostra uma cova, questionando que o corpo vai estar ali, mas e a alma?
É aí que os ataques começam. “Você é corrupto, você que enganou, que está tentando enganar e que agora esse ano vai tentar enganar de novo. Você que daqui a três anos vai tentar enganar de novo, vai tentar até quando?”.
E para comprar a ideia do eleitor, mesmo que não seja ainda época de campanha, o pré candidato diz em tom “profético”.
“Você não vai entender. Que aquela criança que passou fome, por sua culpa, aquele pai de família que tirou a vida por sua culpa, eles vão estar te esperando, para dizer pra você: você me fez bem ou você me fez mal?”, finaliza em tom de pregação.
A reportagem ouviu profissionais de marketing político que analisaram o vídeo, sob condição de anonimato, comentaram o material.
“Nem os mortos deixam em paz mais? Tem que avisar que quem vota é vivo”, brincou um que apontou ainda que o material “tenta chamar atenção pelo medo. Mas não fala ao eleitor e sim aos que estão já num mandato. Talvez atinja um público já convertido. Tanto na fé dele, quanto na ideologia”, reflete.
Outra profissional já ficou mais indignada. “Trabalho com mandatários e quem os elege são os eleitores. Não acredito numa estratégia de colocar medo em eleitor. E parece até que ele está desejando a morte das pessoas né?”, questiona.