Crianças choram. Às vezes incomodam, claro. No entanto, a moradora de um residencial em Campo Grande (MS) ficou surpresa ao ser notificada pelo síndico do Flamingos, que vizinhos estavam reclamando que seu filho, de apenas seis anos estava “chorando” às 19h45 de domingo (19) quando ela estava no apartamento com as crianças.
O assunto rendeu polêmica no grupo do condomínio e após a reportagem receber os prints de um morador que prefere não se identificar, a mãe do menino foi contactada e aceitou falar sob condição de anonimato, até porque nem todos entendem que crianças choram.
“Fiquei mais do que surpresa, fiquei revoltada com a situação. Perguntei o que ele queria que eu fizesse, se queria que eu fosse lá e tapasse a boca? Tenho um filho mais velho que tem 12 anos, que implica com o irmão, ai são irmãos que vivem como irmãos, brincam, correm e brigam também. Como vou fazer? Crianças choram porque estão aprendendo a lidar com as emoções”, contou ela sobre a notificação que a pegou de surpresa.
Para a mãe das crianças, que é professora, não há o que ser feito a não ser acalmar quando um pequeno está fazendo birra. “Eu não posso amarrar, amordaçar. Vou bater? Questionei o síndico mas ele não soube me responder. Só disse que não poderia fazer nada e que eu ‘colaborasse’ já que teve a reclamação. Mas às 19h45? De um domingo?”, questionou sobre a conversa que teve com o administrador do condomínio.

No grupo, várias pessoas também se indignaram com a notificação. “Acredita que no sábado meus netos de 6 anos e de 4 anos mais meu netinho de 4 ano que moram comigo estava aqui almoçando e crianças fazem barulho mesmo era 14h30, uma infeliz ligou na portaria reclamando que estava muito barulho aqui no meu apartamento”, contou outra moradora.
“Semana passada eu fui alertada pelo ronda. Ele disse que reclamaram da ***** q estava chorando alto. Agora pega essa: teve uma dor de dente e ficou nove dias a gente lutando. A dentista cometeu um erro e o rostinho dela parecia uma bola de inchado. E reclamaram de uma criança de 4 anos chorar alto sem nem procurar saber o que estava acontecendo.”, narrou um outro morador sobre a situação da sua filha.
Para os vizinhos uma coisa é ter a reclamação, outra é receber a notificação. “Criança é criança. Essas pessoas nunca tiveram filhos? Não foram crianças? Nasceram prontos?”, questionou o morador que enviou os prints do grupo para a reportagem. Ele também é pai. Mas ainda não foi notificado.
A reportagem entrou em contato com a administração do condomínio por meio de mensagens de Whatsapp em três tentativas, mas não houve retorno. O espaço permanece aberto.




