A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente abriu investigação para apurar o caso
Uma tragédia envolvendo possível negligência médica e violência obstétrica foi registrada na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, entre os dias 15 e 16 de outubro. Claudia Batista da Silva entrou em trabalho de parto na quarta-feira (15), acompanhada pelo esposo José Eduardo, mas o atendimento agressivo e negligente acabou resultando na morte do bebê, gerando revolta e indignação na família.
Segundo o boletim de ocorrência, Claudia aguardava dilatação para parto normal, mas, por volta das 8h do dia 16, foi submetida a uma pressão intensa e agressiva na barriga — ordenada pelo obstetra — para forçar a saída do bebê, mesmo sem dilatação suficiente.
“O médico pressionava a barriga dela com muita força, como se isso fosse salvar nosso filho”, relata José Eduardo. “Fiquei horrorizado, assistindo minha esposa sofrendo e gritando, e mesmo assim eles continuaram.”
Imagens e vídeos entregues à polícia mostram o momento dramático após o parto, com o bebê já sem vida. Claudia sofreu lesões internas e trauma físico pela pressão exagerada.
A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) abriu investigação para apurar o caso, que pode configurar homicídio culposo e violência obstétrica.
REVOLTA E CONFRONTO NA MATERNIDADE
O avô da criança, ao tentar obter explicações sobre a morte do neto, foi agredido por um funcionário da maternidade após se exaltar na portaria.
O idoso foi detido pela Polícia Militar e levado à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), onde o registro foi feito por vias de fato.
“Estão levando o meu pai preso porque ele foi saber o que aconteceu com o neto e se exaltou. Ele está passando mal dentro do carro da polícia”, declarou um familiar.
POSICIONAMENTO DA MATERNIDADE NA ÍNTEGRA
“A Maternidade informa que a paciente Claudia Batista da Silva foi internada na quarta-feira (15) para indução de parto normal, com 40 semanas e 4 dias de gestação, em razão de bolsa rota, procedimento realizado com o consentimento da paciente.
A gestante possuía histórico de dois partos normais anteriores e, durante todo o processo, recebeu acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem. No momento do parto, houve a ocorrência de distócia de ombro, uma complicação obstétrica grave e imprevisível, que pode ocorrer mesmo em condições de parto consideradas normais.
Infelizmente, apesar de todos os esforços da equipe, o caso teve desfecho trágico, com o óbito do recém-nascido.
Ressaltamos que, a princípio, não foi identificada qualquer falha ou indício de negligência na condução do atendimento. Ainda assim, por compromisso com a transparência e a qualidade da assistência, o caso será apurado pelas Comissões de Ética e de Óbito da instituição, conforme protocolo interno.
A Maternidade manifesta profundo pesar pela perda e solidariedade à família, reiterando seu compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento a todas as pacientes”