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Escritor marfinense compara situação de Gaza com violência colonial

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16:11 domingo, 10 agosto 2025
in Brasil
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Pela primeira vez no Brasil, o escritor marfinense Armand Patrick Gbaka-Brédé, mais conhecido como GauZ’, diz que sua impressão inicial sobre o país, antes de colocar os pés por aqui, era uma fantasia. Mas sua chegada, reforçou, “foi espetacular”.

“Para os africanos, a fantasia do Brasil costuma ser o futebol, mas para mim, não é só isso. Para mim tem também a música e a cultura negra e a ideia da miscigenação. E, por muito tempo, eu sempre pensei que o Brasil estava 50 anos à frente do resto do mundo em termos de mistura populacional”, disse ele à Agência Brasil.

Notícias relacionadas:Enciclopédia Negra apresenta personagens negros aos jovens .Acesso a livros de autores com deficiência ainda enfrenta barreiras.Samba-canção embala bate-papo inédito com Silvia Borba na TV Brasil.GauZ’ diz não ser ingênuo e nem romântico e saber que a história brasileira de miscigenação teve um início violento e ocorreu à base da força. Mas ele ressalta que essa mistura continuará ocorrendo.

“Em 100 anos, será obrigatório que o mundo seja como o Brasil porque é natural que as pessoas continuem se misturando não na força e na violência, mas na vontade e no humanismo de estar com os outros e a vontade de construir uma coisa nova”, ressaltou. “Minhas primeiras impressões do Brasil se confirmaram. E eu realmente as vi”.

O escritor marfinense conta que a barreira que ele presenciou de forma mais clara ao pisar no Brasil foi a desigualdade social. E o que mais estranhou foi ver que, por aqui, também há brancos pobres vivendo entre negros pobres, o que evidencia uma questão social.

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GauZ’ veio ao Brasil com a esposa e a filha para participar primeiramente da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em Paraty. E neste final de semana ele está em Salvador para participar da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), onde conversou com a reportagem da Agência Brasil sobre seu livro e também sobre escravidão e imigração.

“No momento em que a escravidão começou no Brasil, a África ainda não existia. A África tinha iorubás, malinquês e outros povos. Mas não existia a ideia da África. A violência da escravidão – a violência moral e cultural – é que criou a África”, disse ele. “O primeiro lugar onde essas culturas se misturaram foi o navio negreiro”, ressaltou.

Na entrevista, GauZ’ comparou a escravidão ao que ocorre atualmente com os palestinos em Gaza, destacando que as vítimas desses dois momentos históricos sofreram com a mesma causa: a colonização. “O problema em Gaza é o deslocamento das populações europeias que não deveriam estar ali. São pessoas que são vítimas da violência europeia”, afirmou. “A solução de Gaza não está em Israel. Está na Espanha, na França, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Polônia”.

“Cada pessoa branca precisa se lembrar de que o que está acontecendo em Gaza agora é o que aconteceu aqui [no Brasil, durante a colonização]. A América foi Gaza, o Brasil foi Gaza, a Argentina foi Gaza. Todos vocês devem se lembrar disso para ter ideia do senso da verdadeira justiça. A diferença do que se passou antes do que está se passando agora é que hoje temos consciência e somos testemunhas do que está acontecendo. Nunca, nos meus sonhos mais loucos, eu imaginei que poderia ver o que está acontecendo e poder explicar o que aconteceu no passado com a colonização. Na França ainda se fala das ‘benesses’ da colonização. E quando se contesta isso, eles dizem que isso já se passou. Mas isso não é passado. Olhem para Gaza porque isso é a colonização”, reforçou.

A solução para isso, defendeu o escritor, passa por um conceito que existe no direito, chamado de paralelismo das formas e que afirma que se uma pessoa toma uma decisão, é só ela quem poderia retirá-la ou solucioná-la. “Esse é o momento em que a Europa e o Ocidente devem assumir o que eles fizeram ali. Foram eles que criaram isso no passado, são eles que devem resolver isso agora”, destacou. “Não dá para aceitar que um outro povo pague hoje pelos pecados da Europa”.

 

O escritor marfinense GauZ’ fala sobre seu primeiro livro De pé, tá pago na mesa Com a palavra o escritor na Casa Motiva durante a  Flipelô. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

 

Casa Motiva

Na manhã de sábado (9), GauZ’ participou de uma mesa realizada na Casa Motiva, na Vale do Dendê, na região do Pelourinho, em Salvador. Ali ele conversou com o público sobre o seu livro De pé, Tá pago, que após onze anos foi traduzido e lançado no Brasil.

No livro ele reflete sobre a experiência dos imigrantes africanos em Paris, relegados a mão de obra barata em profissões onde o corpo é mais necessário do que o cérebro. O livro teve como base notas que ele rabiscou durante as seis semanas em que trabalhou como segurança de uma loja da Sephora na capital francesa. “Em Paris, em todas as lojas ou quase, todos os seguranças ou quase são homens negros. Isso evidencia uma relação quase matemática entre três parâmetros: Pigmentação de Pele, Situação Social e Geografia (PSG)”, diz um trecho do livro.

“É muito mais fácil, na França, um homem negro ser um vigia ou segurança do que um médico”, diz GauZ’ à plateia. “É a primeira vez que esse homem negro está em uma posição privilegiada, porque ele vê todo mundo, mas ninguém o enxerga. É quase como um estudo etnológico. Geralmente são os brancos que chegam lá para olhar para os negros como pequenas formigas e agora é esse homem negro que enxerga os brancos como pequenas formigas, documentando seus delírios de consumo”.

Além de abordar temas como imigração e racismo, o livro também discute o capitalismo no mundo. “O que é a ideia de segurança? Quando você entra em uma loja e você vê um segurança, o que vem à sua cabeça? Esse homem grande à sua frente está lá para te impedir de roubar? Esse homem grande está lá para te proteger? Nada disso. Definitivamente, nada disso. Na verdade, a ideia de segurança foi vendida para você porque foi fabricada a ideia de perigo. A sociedade capitalista fabrica a ideia de insegurança na cabeça de cada um de vocês justamente para poder se justificar, criando uma ideia de proteção”, afirmou o escritor.

Para ele, isso não basta de uma ideia de “teatro”, que é fabricado pelo capitalismo. “Esse homem negro que está à frente da loja não serve para segurança. Ele não tem nenhum poder policial. E ninguém vai a uma loja para roubar. O crime é uma exceção. O que acontece é que você acorda de manhã e te falam nas propagandas que você tem que ir lá para conhecer e consumir. Você trabalha o mês inteiro e precisa ir lá gastar o seu dinheiro. O seu destino é consumir: isso é o capitalismo”, completou.

Nova estrutura

Ao público, GauZ’ (que se pronuncia como gôs) diz que seu livro foi escrito em um formato e estruturas diferentes ao tradicional, que não poderia ser classificado como um romance. “Eu escrevi uma nova literatura”, diz.

Nessa nova literatura, ele usa muito de ironias e de humor, característica que ele usou também durante a mesa realizada na Casa Motiva. “Cada vez que eu faço vocês rirem aqui esse é um momento em que a gente divide um lugar de inteligência”, diz ele, arrancando risos da plateia. “Estão vendo? Funcionou”.

“Uma das características da inteligência é justamente essa capacidade de dividir e compartilhar com o outro. Duas pessoas que riem são duas pessoas que entenderam um conceito entre si. Isso é o que há de mais humano no mundo todo. Esse livro faz pessoas rirem na Noruega, na Croácia, no Brasil. E por que eles riem? Justamente porque a gente compartilha da mesma inteligência. Nossos ancestrais entenderam isso há muito tempo. Lá onde tem inteligência ou onde habita inteligência, tem que ter o humor”,

A programação da Flipelô se encerra neste domingo. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site https://flipelo.com.br/
 

* A equipe da Agência Brasil viajou a convite da Motiva, patrocinadora e parceira oficial de mobilidade da Flipelô 2025

 

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Tags: Agencia BrasilBrasilNotícias

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