O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou, por videochamada, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante 30 minutos na manhã desta segunda-feira (6). O principal tema foi o tarifaço norte-americano, que vem afetando diretamente as exportações brasileiras.
Brasil busca aliviar sobretaxa de até 50%
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula pediu a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e o fim das medidas restritivas contra autoridades brasileiras. O governo brasileiro tenta reverter os efeitos da política comercial americana, que chegou a aplicar impostos de até 50% sobre itens como café, carne e frutas — produtos fundamentais na pauta de exportação do Brasil.
Durante a reunião, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, foi designado por Trump para conduzir as negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanharam Lula no Palácio da Alvorada. Ao término da videoconferência, Haddad classificou o diálogo como “positivo e respeitoso”.
“Soberania não é negociável”, diz Lula
Segundo fontes do Planalto, Lula reiterou que o Brasil busca reduzir as imposições, mas deixou claro que a soberania nacional não será colocada em discussão. O governo norte-americano teria justificado parte das medidas como reação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), argumento que o governo brasileiro considera indevido e alheio ao Executivo, já que o caso está sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF).
Reencontro pode ocorrer na Malásia
Durante a conversa, Lula e Trump “trocaram telefones” e avaliaram um encontro presencial nas próximas semanas. Uma das possibilidades é que a reunião ocorra durante a Cúpula da ASEAN, marcada para o final do mês, na Malásia, evento que já tem a presença confirmada do presidente brasileiro.
O Planalto também informou que Lula reafirmou o convite para que Trump participe da COP30, conferência climática que acontece em Belém (PA) no próximo mês. O norte-americano, no entanto, ainda não confirmou presença.
Diálogo após meses de tensão diplomática
O contato entre os dois líderes vinha sendo articulado desde a Cúpula da ONU, em setembro, quando Lula e Trump se cumprimentaram brevemente nos bastidores da Assembleia-Geral. Na ocasião, Trump chegou a elogiar o brasileiro, afirmando que ambos tiveram “ótima química”.
A expectativa inicial era que um encontro presencial ocorresse em Nova York, mas divergências de agenda e protocolos diplomáticos adiaram a reunião. O Itamaraty agora avalia criar um grupo de trabalho bilateral para buscar soluções que permitam reduzir gradualmente as taxas impostas ao Brasil.
Apesar de manter críticas a algumas posições de Trump, o governo Lula entende que evitar o agravamento da crise comercial é estratégico neste momento. A leitura dentro do Planalto é que o Brasil não tem nada a ganhar com o confronto, especialmente diante do interesse dos EUA em retomar o diálogo e abrir novas frentes de cooperação econômica.