Um homem, apontado como um dos maiores traficantes de animais silvestres do país, foi preso nesta sexta-feira (5) durante uma operação policial em Salvador. O homem, que não teve o nome revelado, é investigado por liderar organização criminosa de alcance interestadual, com atuação em várias regiões da Bahia e outros estados, vendendo espécies de aves como estevão, canário e papa-capim, com preços que chegavam a R$ 80 mil.
O suspeito foi preso durante a Operação Fauna Protegida, coordenada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que investiga a atuação de uma organização criminosa com prática sistemática de crimes de tráfico de animais silvestres, maus-tratos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. A ação contou com apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar, na capital baiana e no município de Mascote, no extremo-sul do estado.
Notícias relacionadas:Dois lotes da vacina Excell 10 podem ter matado quase 200 animais.Polícia do Rio resgata 90 aves silvestres que seriam vendidas em feira.Captura e domesticação colocam animais silvestres em risco.Segundo as investigações do MP, o grupo criminoso comercializava ilegalmente centenas e até milhares de animais, principalmente aves, incluindo espécies como estevão, canário, chorão, papa-capim e trinca ferro, entre outros.
“Há registros de venda de passarinhos de até R$ 80 mil. Com diversas passagens na polícia por crimes contra a fauna, o homem, que atuava no tráfico há mais de 20 anos, já chegou ser flagrado com carga de 1.575 pássaros e centenas de jabutis, mas, pela primeira vez, é preso por crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro”, informou o MP.
A operação também cumpriu um mandado de prisão preventiva contra um dos principais fornecedores de animais da organização, além de quatro de busca e apreensão nos endereços residenciais de integrantes da organização criminosa. Em um desses locais, foram encontradas dezenas de galos em situação de maus-tratos, criados para competições ilegais de rinhas.
As investigações apontaram que havia uma estrutura ordenada e com clara divisão de tarefas na organização criminosa, em quatro núcleos operacionais. O primeiro, de captores e fornecedores era responsável pela caça ilegal e pelo acondicionamento precário das aves em áreas rurais da Bahia; o segundo grupo ficava responsável pelo transporte dos animais, em condições de severos maus-tratos, até os pontos de comercialização.
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Um terceiro núcleo ficava responsável pela parte financeira da organização criminosa, movimentando os recursos ilícitos por meio de contas bancárias utilizadas para ocultar e dissimular a origem do dinheiro obtido com o comércio ilegal. O último núcleo era o dos destinatários e receptadores, situados em sua maioria em Salvador, que adquiriam os animais para revenda.
Na avaliação da promotora de Justiça de Meio Ambiente Aline Salvador, a operação foi uma resposta das instituições no combate aos crimes contra a fauna silvestre.
“A operação deflagrada hoje [dia 5] é uma resposta contundente do estado para promover a proteção da nossa fauna, tão importante para a manutenção de um meio ambiente saudável. Agora, as investigações seguem para complementação das provas e a realização da denúncia criminal por crimes de tráfico e maus-tratos de animais, lavagem de dinheiro e associação criminosa”, disse a promotora.