A senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro, voltou a movimentar o cenário político nacional — e a irritar aliados do bolsonarismo. Em entrevista ao jornal O Globo, Tereza elogiou o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente norte-americano Donald Trump, além de apontar que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não figura entre os nomes viáveis da direita para disputar a Presidência da República em 2026.
A declaração bastou para transformar a senadora em alvo do “03” de Bolsonaro, que reagiu furioso nas redes sociais, acusando Tereza de colocar “interesses pessoais” acima dos do campo conservador.
Durante a entrevista, Tereza Cristina avaliou que apenas três nomes têm real competitividade contra Lula: os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
“As pesquisas indicam que são três nomes viáveis: Tarcísio, Ratinho e Michelle”, afirmou, deixando de fora o nome de Eduardo.
A senadora, que é cotada para compor uma chapa como vice em 2026, defendeu que a direita encontre um consenso. “O melhor dos mundos seria que a direita sentasse e discutisse um nome viável. Não adianta colocar alguém sem condições de vencer”, afirmou.
Tereza também elogiou a postura do presidente Lula ao buscar diálogo com Trump para suspender o tarifaço de 50% sobre o aço.
“Vejo com muito bons olhos. A diplomacia precisa distensionar e abrir caminhos”, declarou.
Reação imediata do “03”
Do autoexílio nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro não deixou barato. Compartilhou a entrevista e atacou Tereza Cristina:
“Senadora @TerezaCrisMS, acho interessante que você diga que o Ratinho Júnior é viável e eu não, mesmo que as pesquisas mostrem o contrário”, escreveu.
Na sequência, acusou a senadora de agir movida por interesses próprios.
“Assim, parece que o seu conceito de viabilidade é aquele que se encaixa no seu interesse pessoal… Longe de mim acusar você de agir apenas visando seus interesses, afinal sabemos que você representa muito bem os grandes capitais do país.”
E ainda ironizou:
“É curioso ver quem cresceu politicamente graças à minha família agora se achar no direito de escolher o candidato da direita.”
A fala do deputado dividiu apoiadores: enquanto alguns saíram em defesa da senadora de Mato Grosso do Sul, apontando a rejeição de Eduardo e pedindo renovação na direita, outros engrossaram o coro dos que a chamam de “traidora”, como já fizeram com Luiz Henrique Mandetta e Soraya Thronicke.