Após a repercussão de mais um caso de racismo em ambiente escolar, A professora especialista em educação antirracista, militante do movimento negro e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da UFMS Eugênia Portela, cobrou respostas mais eficazes das instituições públicas e defendeu a criação de medidas educativas obrigatórias para autores de ofensas racistas.
Para ela, a gestão escolar, o Conselho Tutelar e o Ministério Público precisam agir de forma conjunta e proativa para garantir os direitos das vítimas e combater a impunidade. “Racismo não é bullying. É crime. A suspensão por si só não educa. É necessário um processo de formação e conscientização, com cursos que abordem as relações étnico-raciais”, afirmou.
A educadora defende que adolescentes envolvidos em casos de racismo sejam encaminhados a cursos formativos obrigatórios, como forma de responsabilização pedagógica. “Já temos estrutura para isso. Nós, do NEAB/UFMS, oferecemos essa formação gratuitamente. O objetivo é educar para uma sociedade menos racista.”
Ela também propõe que os itinerários formativos do Novo Ensino Médio incluam a educação antirracista como eixo interdisciplinar, tornando o tema parte do currículo escolar. Além disso, a professora cobrou a atuação dos Conselhos Estadual e Municipal de Promoção da Igualdade Racial, bem como da Secretaria Estadual de Políticas Públicas para a Igualdade Racial. “Onde estão esses órgãos? Precisam assumir o protagonismo nessa luta.”
O posicionamento da especialista vem em um momento em que o debate sobre racismo nas escolas ganha força em todo o país. Ela cita ainda o episódio recente em que a ministra substituta do TSE, Edilene Lôbo, foi vítima de racismo institucional dentro da Advocacia-Geral da União (AGU). “Se uma ministra sofre esse tipo de violência em um órgão federal, imagine nossas crianças. É urgente discutir e aplicar a educação antirracista nas escolas e nos espaços públicos”, finalizou.