João Augusto Borges, de 21 anos, confessou com uma frieza assustadora o duplo homicídio de sua companheira, Vanessa Eugênio Medeiros, e da filha do casal, a pequena Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses. O crime brutal aconteceu em Campo Grande (MS), e os corpos foram encontrados carbonizados em uma área de vegetação no bairro Indubrasil, na noite de segunda-feira (26).
Segundo o delegado Rodolfo Daltro, responsável pela investigação, a brutalidade e a ausência de remorso do autor chocaram até os policiais mais experientes. “Tenho 11 anos de polícia e nunca vi algo tão frio. Um policial com 22 anos de carreira teve que sair da sala para conter a emoção”, relatou.
João matou Vanessa aplicando um golpe de mata-leão, após atraí-la para o quarto com a desculpa de conversar sobre o relacionamento. A filha do casal estava no mesmo cômodo, brincando sobre um colchão. Depois de matar a companheira, ele esganou a bebê.
Em um dos trechos mais impactantes de seu depoimento, João declarou:
“Dormi melhor do que nunca, porque me livrei de um problema.”
O “problema”, segundo ele, era a perspectiva de pagar pensão em caso de separação. A motivação financeira e o desejo de controle revelam o caráter premeditado do crime. Ele já havia confidenciado a um colega de trabalho, dois meses antes, a intenção de matar a companheira e a filha, chegando a pedir instruções sobre como amarrar bem os membros das vítimas para impedir fuga.
Após os assassinatos, João voltou ao trabalho como se nada tivesse acontecido. À noite, comprou gasolina, embrulhou os corpos em cobertores, colocou-os no porta-malas do carro e os levou até um terreno baldio, onde ateou fogo. No local, estavam também a cadeirinha da criança e o galão usado para o incêndio, encontrados pela perícia.
As vítimas foram identificadas por exames papiloscópicos, dada a carbonização dos corpos. A polícia confirmou que Vanessa e Sophie morreram por estrangulamento, com fraturas nos pescoços, antes de serem queimadas.
João tentou simular o desaparecimento das duas, afirmando a conhecidos que Vanessa havia saído com a filha para encontrar um amigo e não havia retornado. A estratégia, porém, falhou quando o fogo no terreno chamou a atenção de moradores.
O criminoso responderá por feminicídio qualificado, homicídio qualificado contra a filha, destruição e ocultação de cadáver, além de fraude processual.
A Delegacia de Homicídios e o GOI (Grupo de Operações e Investigações) atuaram em conjunto com a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) desde o início, dado o forte indício de feminicídio.
“Ele matou com frieza, premeditou, e depois foi trabalhar. Voltou como se fosse um dia qualquer. Disse que se sentia bem, livre. É revoltante”, resumiu o delegado Rodolfo Daltro.
O caso segue sob forte comoção social. A repercussão e o conteúdo do depoimento devem pesar no julgamento, que poderá culminar com uma pena próxima ao máximo previsto pela legislação penal brasileira.