Na última semana, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) passou de destemido defensor do “foda-se” a humilde alegador de “sou autista” — tudo para tentar escapar de uma suspensão de mandato que pode custar mais de R$ 46 mil por mês, fora cotas e verbas de gabinete.
A reviravolta aconteceu após o motim que culminou na ocupação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, episódio que deixou Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa, de cabelo em pé. Pollon, que até domingo parecia não temer nem perder o mandato, nem a eleição, agora se apressa em dizer que só não deixou a cadeira do presidente porque “não estava entendendo o que estava acontecendo naquele momento”.
O parlamentar ainda explicou que pediu orientação ao colega Marcel Van Hatten (PL-RS), outro integrante do bloco bolsonarista que participou do tumulto. “Sentei na cadeira do Motta e ele sentou ao meu lado porque é uma pessoa em quem confio. Falei: me orienta”, relatou.
O detalhe é que, antes dessa súbita iluminação sobre sua condição, Pollon estava em plena manifestação “Reaja Brasil”, xingando Hugo Motta, detonando as lideranças do próprio partido e encerrando com a já clássica frase: “foda-se”. Recebeu aplausos virtuais de figuras como Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, e parecia confortável no papel de rebelde sem causa.
Agora, no melhor estilo “não fui eu, estava confuso”, o deputado tenta convencer que a permanência no assento de Motta foi apenas fruto de desorientação, não de afronta. Se não colar, perde salário, cota parlamentar e verba de gabinete — um total que, somado, passa fácil dos R$ 200 mil mensais.
Antes de gravar o vídeo sobre o autismo, Pollon chegou a se gabar nas redes por ter permanecido na cadeira presidencial da Câmara. O problema é que, na política, bravata de ontem pode virar justificativa constrangida de hoje — principalmente quando a conta chega.