A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que reforçou o policiamento na Baixada Santista, com a justificativa de capturar os suspeitos envolvidos na ocorrência em que foi morto um menino de 4 anos em Santos. Segundo a SSP, essa ação específica ocorre na região desde quarta-feira (6), dia seguinte ao da morte da criança, e não tem prazo para terminar.
Questionada, nesta sexta-feira (8), sobre o número de agentes que reforçam o policiamento na região, a secretaria respondeu que não vai divulgar os dados para não comprometer a operação. “Estamos com reforço do policiamento, com serviço de inteligência da Polícia Militar, da Baixada e do policiamento de choque, monitorando e identificando as pessoas que participaram dessa ocorrência para que a gente consiga prendê-los”, disse o porta-voz da Polícia Militar, coronel Emerson Masseira, em entrevista coletiva na quarta-feira.
Notícias relacionadas:Operações na Baixada Santista têm baixa eficiência, aponta estudo.Mortes por PMs aumentaram mais de cinco vezes na Baixada Santista.Moradores da Baixada Santista denunciam execuções na Operação Escudo.“A prisão desses criminosos vai acontecer. É questão de tempo, e uma questão de honra também para a Polícia Militar a prisão desses bandidos”, acrescentou Masseira.
Ryan da Silva Andrade Santos estava brincando com outras crianças na calçada em frente à casa de uma prima, quando foi atingido por um disparo, durante operação da Polícia Militar na noite de terça-feira (5), no Morro São Bento. De acordo com o próprio porta-voz da PM, “provavelmente [o disparo] partiu da arma de um policial”. O pai do menino, Leonel Andrade Santos, foi um dos 56 mortos durante a Operação Verão, realizada no início deste ano.
Na ocasião da morte do menino, a SSP disse, por meio de nota, que lamentava profundamente o falecimento da criança e informou que a polícia fazia patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente 10 criminosos.
Entidades de defesa dos direitos humanos, parlamentares e moradores da região fizeram diversas denúncias sobre violência policial e quebra sistemática da legalidade durante as operações policiais deflagradas na Baixada Santista desde o ano passado. Segundo a SSP, à época, as operações, chamadas de Verão e Escudo, tinham objetivo de combater o crime organizado.
Repúdio
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, junto a entidades de defesa dos direitos humanos e parlamentares, manifestou repúdio e indignação diante da morte de Ryan e de um jovem de 17 anos, em Santos, na mesma ocorrência policial.
“É inadmissível que a gestão da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, assim como o comando da PMESP [Polícia Militar do Estado de São Paulo], considere a morte, sobretudo de crianças, como um resultado aceitável da atuação das forças policiais. Este tem sido o resultado cada vez mais comum da atuação violenta e desmedida da PMESP em bairros pobres e nas periferias do estado”, diz a nota das entidades de defesa dos direitos humanos.
Além da Ouvidoria, assinam a nota a Associação Amparar; a Bancada Feminista; o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular; a Comissão Arns; a Conectas Direitos Humanos; os deputados estaduais Ediane Maria e Eduardo Suplicy; o Fórum Brasileiro de Segurança Pública; os institutos Sou da Paz e Vladimir Herzog; o Movimento Independente Mães de Maio e a Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio.