O filho que usou uma pá para matar a mãe. A mulher que foi espancada até a morte. Pouco antes de 2024 acabar, mais dois casos chocantes de feminicídio mostram as tristes estatísticas em Campo Grande (MS). Na manhã desta segunda-feira (30) a DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher) realizou coletiva para falar sobre as mortes de Mariza Pires, de 66 anos, morta pelo filho e também da jovem Bruna dos Santos Maroto, que foi morta pelo companheiro.
Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (30), a delegada responsável pelas investigações, Maria Silva, forneceu detalhes sobre os casos mais recentes de feminicídio em Campo Grande e as medidas que estão sendo tomadas para combater essa violência.
Na madrugada de sexta-feira (27) para sábado (28), dois feminicídios foram registrados. No primeiro caso, o filho da vítima é o principal suspeito, devido às contradições em seus depoimentos e evidências encontradas no local, como uma pá suja de sangue. A perícia está analisando os materiais coletados para confirmar a participação do suspeito no crime.
Outro caso envolve a vítima Bruna, cujo autor, Edivão, foi preso em flagrante. Apesar de negar os fatos, ele possui um histórico de violência doméstica contra a vítima, que frequentemente retirava as medidas protetivas para continuar o relacionamento. A polícia está coletando imagens de segurança e ouvindo testemunhas para construir um caso sólido contra o suspeito.
Além desses casos, a delegada mencionou outros feminicídios ocorridos na capital, incluindo situações de filhos matando mães e crimes motivados por ódio de gênero. A polícia está trabalhando intensamente para ouvir testemunhas e reunir provas que levem à condenação dos responsáveis.
A delegada Maria Silva destacou a importância das medidas protetivas e a necessidade de as vítimas procurarem ajuda antes que a situação se agrave. Ela também mencionou que muitas vítimas não acreditam que seus companheiros sejam capazes de cometer tais atos, o que dificulta a prevenção desses crimes.
Quantidade de Medidas Protetivas
Contra a quantidade de feminicídios, houve também um número alto de medidas protetivas deferidas. Em um contexto de aproximadamente 15 mil medidas protetivas, o instituto tem se mostrado extremamente eficaz. A delegada-adjunta Fernanda exemplifica bem: “Se você está trafegando por uma via e tem um radar dizendo que você tem que reduzir a velocidade, você vai reduzir a velocidade para não tomar uma multa. Se você tem um agressor que tem uma medida protetiva, a tendência é que ele recue um pouco e evite o feminicídio”.
Efetividade das Medidas Protetivas
As estatísticas mostram que, dos feminicídios ocorridos, apenas a vítima Bruna estava sob medida protetiva, mas retornou ao convívio com o agressor, revogando-a posteriormente. Hoje, é possível solicitar medidas protetivas de forma independente de ocorrência de crime pelo site do Tribunal de Justiça.
Rede de Proteção
Existe uma rede coesa e eficaz de proteção à vítima no Mato Grosso do Sul. As mulheres podem buscar abrigos temporários e, em casos mais graves, podem ser retiradas do Estado para sua proteção. O Disco 180 é um canal de denúncia importante, e as recentes alterações legislativas permitem iniciar uma ação penal mesmo sem a manifestação de vontade da vítima.
A delegada concluiu afirmando que a polícia continuará empenhada em combater o feminicídio e proteger as mulheres de Campo Grande, garantindo que os responsáveis sejam levados à justiça.